ÚLTIMAS NOTÍCIAS: Salário astronômico de Belo em Três Graças causa revolta silenciosa nos bastidores – “Tem ator com 20 anos de casa ganhando metade!”
Por Redação Investigativa | 19 de maio de 2025
Os holofotes estão voltados para o cantor Belo, mas não exatamente por seu desempenho artístico. Sua estreia como ator na nova novela das 19h, Três Graças, da TV Globo, virou assunto quente — e indigesto — nos bastidores da emissora. A polêmica não envolve roteiro, atuação ou direção. O estopim foi o valor do cachê recebido por ele, que, segundo fontes, está causando um mal-estar generalizado entre veteranos da casa e parte da equipe de produção.
“Não é inveja. É sobre justiça. Tem gente aqui com 20, 30 anos de carreira que nunca viu nem metade desse valor”, desabafou, sob anonimato, um ator presente na produção.
Quanto ganha Belo — e por que isso incomoda tanto?
Ainda que os números oficiais estejam sob sigilo contratual, apurou-se nos bastidores que Belo estaria embolsando entre R$ 400 mil e R$ 500 mil por mês, além de bonificações por presença em programas e participação em campanhas promocionais da Globo.
Para se ter uma ideia da discrepância, atores consagrados da emissora, com vasta trajetória em novelas, teatro e cinema, estariam ganhando entre R$ 60 mil e R$ 120 mil, mesmo com décadas de trabalho e reconhecimento público.
“É frustrante saber que o mercado está dando mais valor ao alcance de seguidores e engajamento de rede social do que à qualidade artística. A gente que construiu essa emissora com suor está sendo colocado de escanteio por um nome da música que mal sabe lidar com o texto no set.”
A lógica perversa da fama midiática sobre a trajetória artística
O caso de Belo ilustra uma tendência que tem se agravado nos últimos anos: a substituição do talento técnico e da experiência cênica pelo “poder de mídia”. Cada vez mais, emissoras apostam em nomes que já possuem popularidade prévia fora do universo dramatúrgico, na esperança de atrair públicos diversos — mesmo que isso sacrifique a qualidade narrativa e o respeito ao ofício do ator.
A Globo, em sua tentativa de renovar o público das telenovelas, parece apostar alto em estratégias de apelo imediato, ainda que isso signifique minar a credibilidade artística de suas produções.
“Essa lógica enfraquece o teatro, desprestigia a formação artística e rebaixa a novela a um produto de marketing vazio. É desanimador”, afirma uma professora de artes cênicas da UFRJ, que prefere não se identificar.
Bastidores frios e sorrisos forçados
Fontes internas relatam que, desde o vazamento do valor recebido por Belo, o clima entre o elenco tem mudado. Atores que antes mantinham relações cordiais com a produção agora se mostram mais distantes, evitando interações prolongadas e participações em coletivas.
Há relatos de reuniões tensas, de colegas evitando dividir camarins com o cantor e até de cenas reescritas para reduzir a presença de determinados personagens, numa tentativa informal de “reposicionar o protagonismo”.
“Não é que a gente odeie o Belo. Mas é como se ele tivesse sido colocado num pedestal por um trabalho que ainda nem entregou. Isso corrói o espírito coletivo do elenco.”
A emissora reage? Até agora, com silêncio
A direção da Globo ainda não se pronunciou oficialmente sobre os valores ou sobre o descontentamento interno, mas bastidores apontam que a alta cúpula da emissora está ciente do ruído — e tenta contornar a crise com promessas de reajustes em contratos futuros.
Ainda assim, o mal-estar já está instalado, e dificilmente será revertido sem uma resposta concreta que valorize também os nomes que fazem da dramaturgia nacional um patrimônio artístico.
O que esse episódio revela sobre o futuro da teledramaturgia?
A polêmica escancara um dilema que vai muito além da novela ou de um cantor específico: qual o papel da televisão na construção de valor artístico hoje? Estamos diante de uma crise de identidade onde o talento técnico é deixado de lado, e o algoritmo, não o roteiro, dita o protagonismo?
Atores, críticos e educadores têm alertado para o risco de transformar a dramaturgia em um palco de celebridades, em vez de um espaço de excelência artística e reflexão social.
“Se a televisão continuar tratando o artista como descartável e substituível por celebridade instantânea, perderá não só a credibilidade, mas também o coração do seu público fiel”, afirma o crítico cultural Mário Celestino, em entrevista ao Jornal da Cultura.
Reflexão final
O cachê de Belo é só a ponta do iceberg. O verdadeiro escândalo está em como o sistema ignora décadas de dedicação em prol de cifras e fama rápida. Talvez seja hora da televisão repensar suas prioridades e decidir de que lado da história quer estar: do lado da cultura ou do entretenimento raso e descartável.
Enquanto isso, os bastidores seguem fervendo — e as “Três Graças” da novela talvez estejam mais próximas da inveja, da frustração e da desilusão do que a trama imaginava.