ÚLTIMAS NOTÍCIAS: Preta Gil inicia fase crítica de tratamento nos EUA – Gilberto Gil publica vídeo devastador: “Chegamos ao limite…”
Análise: entre fé, ciência e fragilidade, uma família unida resiste à travessia mais dura da vida
Por Ana Cecília Andrade – Nova Iorque, para o Jornal do Brasil | 18 de maio de 2025
Nova Iorque – Em um vídeo breve, mas absolutamente dilacerante, o cantor Gilberto Gil surgiu neste sábado com os olhos marejados e a voz embargada. O motivo: sua filha, a cantora Preta Gil, acaba de entrar em uma nova e decisiva fase de tratamento contra o câncer, agora em um centro médico especializado nos Estados Unidos. “Chegamos ao limite”, declarou Gil. “Mas ainda assim, seguimos em frente.”
A frase é simples, mas carrega consigo uma avalanche de significados: o limite da medicina, o limite da força física, o limite da esperança, o limite da exposição pública. O vídeo, publicado em tom íntimo, interrompeu um silêncio de semanas sobre o estado de saúde da artista e reacendeu a comoção nacional que acompanha a jornada de Preta Gil desde o início de sua luta contra o câncer, em 2023.
Uma batalha longa, silenciosa e cheia de curvas
Desde que revelou ao público seu diagnóstico de câncer colorretal, Preta Gil tem enfrentado um caminho árduo, repleto de procedimentos invasivos, ciclos exaustivos de quimioterapia e internações recorrentes. Inicialmente tratada no Brasil com uma equipe médica de ponta, a cantora vinha apresentando avanços moderados. No entanto, no fim de 2024, surgiram complicações que alteraram completamente o curso do tratamento.
A decisão de levá-la para os Estados Unidos não foi apenas médica, mas também espiritual, emocional e estratégica. Nova Iorque oferece acesso a centros de pesquisa que lideram ensaios clínicos com terapias genéticas de última geração, muitas ainda não disponíveis no Brasil. Foi lá que a família Gil apostou sua última ficha.
Preta está atualmente sendo tratada em uma unidade privada especializada em imunoterapia celular. O protocolo que ela iniciou — um dos mais avançados no combate a tumores metastáticos — é promissor, mas também arriscado. Segundo fontes médicas ligadas ao hospital, a chance de sucesso depende da resposta imunológica do organismo da paciente nas próximas quatro semanas.
O vídeo que não é só um desabafo — é um pedido de tempo
A publicação feita por Gilberto Gil não é apenas uma atualização sobre o estado de saúde da filha. É, na essência, uma oração pública, um pedido de silêncio, de respeito, de tempo. No vídeo, com fala pausada, Gil diz:
“Estamos aqui, juntos, acompanhando a cada instante. É difícil. É doloroso. Mas estamos em paz com o que for necessário viver. Preta está em tratamento. E ela segue com coragem, como sempre teve.”
A comoção nas redes sociais foi imediata. Em minutos, o nome de Preta Gil tornou-se um dos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). Centenas de artistas, fãs e admiradores manifestaram solidariedade. Entre eles, nomes como Anitta, Caetano Veloso, Elza Soares (em publicação póstuma de sua equipe) e até mesmo figuras da política e do esporte.
Mas o que mais chamou a atenção dos observadores atentos foi o tom do vídeo: havia menos esperança performática e mais realismo amoroso. Gilberto Gil, sempre tão ponderado e lírico em suas falas, pareceu optar pela verdade nua da dor, sem rodeios nem artifícios.
Fé, medicina e espiritualidade: três pilares em colisão
É impossível entender a dimensão da batalha de Preta Gil sem considerar o pano de fundo espiritual que permeia sua história. Fiel ao candomblé, filha de Oxum e neta de uma linhagem de mulheres ligadas às religiões de matriz africana, Preta sempre fez questão de aliar o tratamento médico à força dos orixás, da música, da ancestralidade e da arte.
Nos bastidores, sabe-se que ela tem recebido benzimentos diários, rituais discretos conduzidos por mães e pais de santo da Bahia, e também o acompanhamento de terapeutas espirituais. Segundo amigos próximos, mesmo nos momentos mais frágeis, Preta ainda canta, escreve e desenha. “Ela transborda fé”, disse uma amiga íntima.
A presença do pai ao seu lado reforça essa força invisível. Gilberto Gil, cuja relação com o sagrado transcende religiões, parece encarnar agora o papel de guardião — não apenas do corpo da filha, mas de sua alma. E, nesse sentido, o vídeo divulgado é também um testamento de amor incondicional.
A cultura em pausa: o impacto na música brasileira
A doença de Preta Gil e o envolvimento direto de Gilberto Gil na luta pela sua recuperação não são apenas tragédias familiares — são, também, acontecimentos que reverberam na vida cultural brasileira.
Gil cancelou apresentações internacionais, suspendeu agendas com o coletivo “Os Gilsons”, e adiou lançamentos previstos para o segundo semestre. A ausência do artista de grandes palcos, embora compreensível, deixa uma lacuna no circuito cultural — e reforça a percepção de que, neste momento, nada é mais urgente do que estar presente.
O que ainda não foi dito?
Há perguntas que permanecem sem resposta: Qual é, de fato, o estado clínico atual de Preta Gil? Haverá boletins médicos oficiais? Por que o silêncio da assessoria de imprensa?
Essas dúvidas alimentam tanto a curiosidade pública quanto a especulação, mas é preciso reconhecer: o limite entre o direito à informação e o direito à intimidade está mais tênue do que nunca.
Em um país acostumado a devassar a vida de artistas, talvez o maior gesto de empatia que o público possa oferecer, agora, seja o silêncio respeitoso.
Conclusão: amor é o que resta quando tudo parece ruir
O vídeo de Gilberto Gil ficará marcado como um dos momentos mais dolorosamente humanos da história recente da música brasileira. Não por dramatização, mas pela sua autenticidade brutal. A imagem de um pai famoso, rico, poderoso — e, ainda assim, impotente diante do sofrimento da filha — é algo que atravessa classes, gerações e credos.
“Chegamos ao limite”, ele disse.
Mas talvez esse limite seja também o portal para um outro tipo de força. Uma força que não depende de cura, mas de presença. Que não está nos exames, mas na mão que segura. Que não está nos remédios, mas no olhar que diz: “estou aqui”.
E é isso o que Gil nos entregou.